quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O cume e o vale…


Papeis soltos pela mesa
Olhar longínquo e perdido
Horizonte confirma certeza
Do sentimento, agora exprimido…

Murmúrios que o vento
Trás, em deixas a compasso
Veloz simples e atento
Rumo, na direcção do abstracto…

Bebo em lençóis do tempo
Saudades, de outras manhas
Espero alentos asfixiados…

Inquieto, suspenso contemplo
Falésias de emoções rasgadas
Por, cumes de vales banidos…


OnuN 06-11-2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Escombro…


Desperto de sensações perdidas,
Oculto olhares precoces e banais
Vagueio em neblinas adormecidas
Outrora, hoje dispersas, cruciais…

Entre receios errantes encontro
Lugares previamente desconhecidos
Falácia de vulgar escombro
Em dias insistentemente obstruídos…

Navego em ruas vazias e nuas
Avisto clarões de incertezas
Avanço mas temendo a conquista…

Sou assaltado, nas ditas, ruas
Atraído por subtis impurezas
Acordo, e, de novo mundo realista…


Onun 30/10/2008

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Conversas Perdidas…


Duas almas entre murmúrios fechados
Entre estranhos, abandonadas, esplanada
Do tempo, entre queixumes desgastados
Em plena ausência do nada…

O céu azul repousa escondido
Nuvem matreira a galope vem
O sol desconfiado aparece temido
No horizonte do longínquo alem

Conversas vazias e perdidas
Deitadas fora, secretas e partilhadas
Como outrora entre tristes trincheiras

Vidas fugazes, superantes e fingidas
Em eternas primaveras passadas
E, como chuvas de Maio ligeiras…

OlerraC OnuN 26-09-2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Porto Covo…


Rochas cavadas pelo tempo,
Pelo mar, cúmplice e companheiro.
Ao fundo horizonte contemplo,
Expectante e sóbria, ilha do pessegueiro…

Fortaleza outrora estratega,
Hoje, exposta a outros olhares,
Solitária mas sólida ao mar se entrega,
Cúmplice e observadora de outros mares…

Areias finas nos pés sinto,
Ondas robustas e constantes,
Que, perduram fustigando este chão…

Sensações novas surgem por instinto,
Entre dunas procuradas por amantes,
Em perspectiva surge nostálgico malhão…


OnuN Olerrac – 25/08/2008

segunda-feira, 28 de julho de 2008

As palavras em poema…


As palavras são boas.
As palavras são más
Há palavras bondosas
Na guerra e na paz…

As palavras pedem desculpa
As palavras são dadas
A palavra ouve e escuta
Há palavras trocadas…

Oferecidas e inventadas...
As palavras são como carcaças
As palavras vêm nos livros…

O mundo gira sobre palavras
Por óleo de paciência lubrificadas
Serpenteiam solitárias como os rios.

OnuN 28-07-2008

sábado, 12 de julho de 2008

Rotinas Perdidas...


No sair da entrada olho,
No fim do início, as rotinas perdidas
Antes de amanhecer retiro o ferrolho
Disfarço e procuro armadilhas...

Atento despistado parto,
Em segredo sem avisar
O dia é curto, e largo
E o fim pretendo avistar...

A noite vem lenta e suave
O descanso aproxima-se devagar
E a noite inicia o final do dia...

Voo precipitado de uma ave,
Interrompe o doce planar.
Triste ou bela apologia…

A pedido do Blogger JP aí está o soneto completo...;)

OnuN, 22-07-2008

domingo, 1 de junho de 2008

Olhares...



No enlace da neblina
Olho, reparo na noite que cai
Nostálgica, verdadeira e menina
Vem, calada rasteira sobressai

As ruas agora habitadas de rostos
Solitários, mecanicamente caminham
Entre rotinas talhadas de opostos
Refúgios banais nos abrigam.

Os pássaros recolhem aos abrigos
Aos olhos da lua ainda tímida
Apressados, astutos com esperança.

Sons da noite anunciam inimigos
Os perigos afloram na esquina
Ela, consente mas avança…


OnuN... 01-06-2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Encruzilhada…a vida…




Acompanhado caminho sozinho
Na solidão da noite fria
Rumo determinado ao ninho
Esburacado com salpicos de alegria

Caminho confuso e escuro
Obstáculos duros mas fáceis
De ultrapassar, nem um furo
Prematuros mas aceitáveis

Lutas travadas na paz
Com lufadas de silencio
Solidário, mudo e evasivo

Teoria firme e perspicaz
Encruzilhada breve anuncio
No mundo feroz e explosivo.

by Onun 07-05-2008

sexta-feira, 21 de março de 2008

Colinas...


Nos desfiladeiros do tempo
Parado e andando sigo
Difuso com olhar atento
Na esquina, um amigo

Em traços desorientados
Pinto o caminho estreito
Da vida e dias contados
Repouso, assim, no parapeito

Ao longe deslumbro
O nada, e tudo faz sentido
Fico sem chão, ocupado

Estádio vazio ao rubro
Virtuoso e audaz castigo
Dia radiante apagado



Olerrac Onun 21/03/08

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Quando dizes sim...


Quando dizes sim
Entregam-se os soldados
Param as agulhas dos relógios
Subestima-se o sol

Quando dizes sim
Afasta-se o Inverno
As sereias atrevem-se a cantar
Os comboios a esperar.

Quando dizes sim
Não assusta a tormenta
As ruas recuperam a razão
O mundo o passado.

Quando dizes sim
Sinto abrigo e paz
A lua ilumina a noite escura
Perco o sono mas ganho fé.

Quando dizes sim
Calam-se os terramotos
E os dragões adormecem a meus pés
E não importa envelhecer…


Olerrac, Onun 05/02/08

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Reflexo?


Profundo e complexo surge
Do nada e do tudo vem
Estranho e cintilante urge
Misterioso e obscuro também

Planaltos de emoções
Em lufadas de ar visível
Assusta quando em porções
Diminuta e combustível

Arde sem se ver dizem
Aumenta na ausência
Aflora com a distância

Fome de presença vem
Na noite de cada essência
Exporta sintomas da aparência.



Olerrac Onun, 10/01/2008