sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Retinas...


Dia a dia de cabeça
Cheia de segredos
Antes que adormeças
Atrás dos arvoredos

Fico retido no espaço
Vazio de tempestade calma
Conforto de um abraço
Base que suporta a alma

Manhas amenas e frias
Rostos pálidos e opacos
Vidros antes transparentes

Escassez de alegrias
Musicas a compassos
Ocultam olhares dormentes.


Carrêlo, Nuno 30/11/07

domingo, 18 de novembro de 2007

Assim tu...


Simples e genuína
Vais assim pela vida
Uma verdadeira heroína
No adeus da partida

Coragem destemida e voraz
Olhar azul e melancólico
Numa partida fugaz
Talvez destino histórico

Outono a passo vem
A folha cai desamparada
O vento companheiro

Longos dias no alem
Saudades da amada
No anoitecer soalheiro.

domingo, 11 de novembro de 2007

O esquecimento...


Queria-te aqui… para poder dar-te o carinho que tenho guardado para ti, para te proteger no meu abraço, para poder sentir o teu fino cabelo na ponta dos meus dedos… e a suavidade da tua pele… para sentir o teu olhar rápido e enérgico em ápices de ternura tímida… e sentir borboletas no estômago a quando do teu toque…talvez seja saudade, talvez seja o Outono enraizado com a melancolia que acarreta o cair das folhas que perderam o seu brilho, encanto e são agora transformadas em alimento para a próximas que as sucederem… são fases… pois o esquecimento é algo irreal e as vivências impressas na alma são indestrutíveis… já estou de novo a divagar… descuidos…

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Eu aqui...


Eu aqui na melancolia do meu canto, o sol lá fora convida a uma saída para a rua, mas prefiro ficar no terraço a observar o mundo através dos meus olhos associado á análise feita pela minha mente… a tua presença é constante pois em cada gesto ou pensamento fugaz, o teu espectro aflora. Talvez seja da tua forma tão concreta e definida de veres os pequenos pormenores da vida… aos meus olhos és assim concreta e defendia, como a pedra cinzenta que vejo ao longe do meu terraço, como este ribeiro manso e sereno em sobressaltos, que não vejo mas adorava partilhar contigo…como estes pinheiros altos, será que são pinheiros! não sei mas ao longe parecem, que em verde e oiro se agitam, como aves que gritam em bebedeiras de azul…que representam a tela, a cor, o pincel, a base… mapa do mundo distante…caravela quinhentista… especiaria, passo de dança, do quadro que pinto através do olhar… como o cabo da boa esperança … pois quando um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança…


28/10/07 - 16.37h

Carrêlo, Nuno

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Vazios do nada…


O vento lá fora fustiga as folhas caducas, a calçada está molhada da chuva que caí lentamente… trazida por nuvens negras que amedrontam as crianças e incomodam o sol que é agora menos brilhante e mais tímido… dias sem ti são assim vazios do nada que é a tua ausência, os pássaros já não vem ao jardim que agora ganhou novas cores e contornos… tornou-se tudo mais frágil e fugaz na tua ausência, os dias tornam-se longos e sombrios…a realidade é dura e crua, como rocha granítica do penhasco, as palavras são reféns dos sentimentos e estes da realidade… assim temos realidade, palavras e sentimentos um ciclo que entra em queda livre á espera que o pára-quedas abra…

A mágoa é agora minha alma gémea...


Quando a hora da tua partida chegou, não estava preparado apesar de sentir que o tinhas que fazer bastante antes do momento chegar. Hoje, aqui sentado, seguro a cabeça com uma mão e olho através da janela a paisagem que me acompanha nos momentos em que a solidão da tua ausência me invade… falo comigo através de pensamentos vagos e ténues… é um preço que a vida me cobra pelos bons momentos que me ofereceu ao teu lado… admito que o medo me invade e chego a uma turbilhão de conclusões, a mágoa é agora minha alma gémea, sei que muitas portas ficaram abertas, assim como a minha mente ficou para reviver o passado… Os traços do meu rosto parecem contar a minha, ou nossa, história. Aceito o destino leve o tempo que levar… outrora não receava o amanha hoje não digo o mesmo. Queria ter um espelho do qual me pudesse ver aos teus olhos… pois o amanha está ai, e a mágoa é agora minha alma gémea…